sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Be my hero

 
Todos os dias são dias. De santos, de alguém. Hoje não é excepção. É dia do herói. Do meu. Sem que ele saiba que o é. No entender dele, é mais um homem no meio de tantos outros com as suas qualidades e defeitos, virtudes ou pecados. Um homem que viveu a vida a 100% e sempre acha que não viveu nem metade. Uma alma inquieta e sonhadora que a todo o custo tenta por os pés no chão.
E ele não sabe. Que é o meu herói. Que tento seguir-lhe os passos embora os meus ainda voem. Que preso em mim, está toda a sua herança. Que somos unha da mesma carne, voz do pensamento do outro e que embora sejamos a pessoa que mais consegue irritar o outro, somos as que mais sofrem com isso.
Não me leves a mal mas a idade aperta... em ti, em todos e em mim... não sou mais a menina pequenina de outrora mas serei sempre em ti. Parte de ti tão igual que até estranho. E está na hora, de chamar as coisas pelos nomes e engolir essa coisa que chamamos de orgulho. Não é vergonha tê-lo, o que me incomoda é fingirmos que não vemos as coisas como elas são... eu e tu somos assim. Iguais.
E irrita-me. Que as pessoas nunca pensem na bênção que é, poder ter um herói assim na vida. Alguém que por vezes nos magoa mas ensina, quem nos dá a mão quando se calhar não merecíamos. Na enorme maravilha que é, poder estar perto para te poder dizer: Amo-te.
Foste e serás sempre o meu primeiro amor, o meu melhor amigo, aquela pessoa que quando senti que estava a perder, me fez sentir que ia junto. Lutaste como um herói que sempre foste e eu renasci. E tu mais uma vez, não sabes. Que quando voltaste a nós, me ensinaste nova lição. Na importância e maravilha de poder acordar todas as manhãs para mais um dia. E eu tento desde aí, com mais força que nunca, ser mais e melhor. Umas vezes sem sucesso mas pelo menos perto. Porque sem dúvida alguma, que independentemente de todas as coisas más que vivi, estar longe dos meus dois heróis, foi o pior que senti.
E por hoje ser o teu dia, não vou mais escrever este texto, estás mesmo ali, ao virar da esquina e eu estou farta de estar longe. Parabéns Papá. És e serás sempre o meu herói.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Anxiety

Frio. Calor. Embotamento. Suores que correm o corpo e corrompem a pele. Pensamentos que atraiçoam o ser e desassossegam a alma.
Preso na garganta está aquele nó que não dói, não desata, não se engole...apenas mói. Não me apetece comer, sorrir, beber, falar. Quero apenas arrancar fora o bolo que me consome a garganta. Quero apenas sentir-me normal, seja lá o que isso for.
Saio de casa e parece tudo novidade. Não é um bom sentimento como quando compramos algo novo ou quando viajamos por ruas estrangeiras ao nosso conhecimento. O cérebro faz um último esforço de se manter a funcionar correctamente e diz-me que eu conheço este sítio mas a bateria está fraca e não me diz mais nada... então porque me parece tão estranho?
Já senti isto antes. O fecho da visão do mundo real e a sensação de que vou desmaiar a qualquer momento... a falta de força nas pernas e o coração a bater mais rápido do que consigo aguentar. E subitamente, a tontura que me acorda para um mundo diferente. Irreal. Intocável. Desprovido de qualquer sentimento.  E eu devia saber melhor... que guardar tudo para mim sempre termina desta forma. Com um ataque de ansiedade e uma ferida aberta no estômago, feita com várias facadas invisíveis dadas pelo stress... Mas sempre esqueço... e sempre me apanha em falso, sem aviso, sem marcação prévia...Torno-me espectadora da minha própria vida, sem mãos nela, sem controlo... E eu, que me lixe.
"Tens de ter calma"- dizem-me... irónico... foi o stress que me pôs nesta situação e estar nela ainda me deixa pior... pior e sem solução à vista, numa bola de neve gigante a rolar pela encosta.
Mudo a alimentação. Bebo mais chá. Mais água. Menos fritos. Perco peso, fico fraca, sinto-me mais doente ainda e conspiro sobre uma possível doença terrível. Mais stress. Mais peso em mim. Menos café, mais dor de cabeça e eu sem poder tomar um comprimido que me alivie disto... apenas bebo outros remédios, que sabem tal e qual como o meu perfume preferido. Demasiado bom para o corpo, péssimo no paladar. E espero... "Casa de ferreiro, espeto de pau", eu sei... Assim como sei o que me provocou tudo isto... Prometo mil e uma vezes a mim mesma que quando ficar boa, vou aprender a soltar as palavras. A dar voz ao que vai cá dentro... Mas daí até o fazer... vai uma distância tão grande como a do cérebro para o estômago...  Não é distante, é apenas complexa e cheia de voltas...